quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eleições

Agora, foram eleitos novos governadores e reeleitos alguns, num total de 27, mais os 27 vices. Foram mais 54 senadores, 517 deputados federais, 1059 deputados estaduais. É muito gente para fazer o bem deste país. Isso ocorre a cada quatro anos e tudo é tão igual, a partir das promessas.O jogo de cena começa com a propaganda política. Cada problema é prioridade do candidato. Creche, prioridade; show de dupla sertaneja, prioridade; horas extras, prioridade. Tudo é prioridade. E aí se volta para uma frase atribuída ao ex-presidente Janio Quadros: a melhor maneira de não priorizar nada, é priorizar tudo. Todos eles sabem que a maioria de suas promessas não pode ser cumprida. Também sabem que, com promessas impraticáveis, terão alguma chance de vitória e que sem elas não teriam a mínima chance. Culpa do eleitor que vota em promessas, culpa dos políticos que não trabalham para conscientizar o cidadão fora do período de campanha. Esse jogo de gato e rato prejudica a todos. O eleitor vota em quem promete mais para se eximir depois atribuindo culpa ao candidato. Os problemas também não mudam e não têm solução.Hoje são assassinadas perto de cinquenta mil pessoas por ano no Brasil. Com atuação igual aos últimos 20 anos, daqui a mais quatro terão sido assassinadas mais de 200 mil pessoas. A continuar os números de hoje, para cada mil, vinte assassinos terão sido punidos. Nesse período, as crianças que iniciarem a primeira série no primeiro ano do próximo governo terão terminado a 4ª, sem saber o resultado da multiplicação de duas vezes quatro. Exemplo por que passo com crianças na quarta série que estudam em escola estadual na periferia de São Paulo. Ainda teremos alguns órgãos especializados em contar os milhões, milhões, de analfabetos formais, que nem sequer saberão rabiscar o nome. Uma vergonha que já ultrapassou o MOBRAL, o MOVA e tantas nomenclaturas de programas que trazem como resultado milhões de reais jogados no bolso de corruptos. Daqui a mais quatro anos, os brasileiros assistirão pessoas sendo retiradas de escombros, após os rotineiros desabamentos de encostas de morro e de rios, enchendo escolas, estatísticas e desculpas de autoridades. Além de continuar contando os mortos em naufrágios de embarcações fajutas no Norte do país. Terão as cenas de mães chorando os filhos mortos nas balas perdidas mais certeiras do mundo no Rio de Janeiro. Se as autoridades esquecerem de que o refrão virou clichê, as pessoas ainda ouvirão que a vítima estava no lugar errado, na hora errada, no momento errado. Ouvirão que as favelas virarão condomínio, mas não citarão quantas existem, ou se já diminuiu uma das 16.433 mencionadas num editorial da Folha de São Paulo de 14 de novembro de 2003.Teremos ainda os políticos como donos das comunicações que avaliarão seus mandatos; a imprensa criticando qualquer manifestação popular, argumentando que não é dessa forma que se protesta e sem dizer uma vírgula sobre a forma correta; a dizer que a cidadania é apertar botão verde de urna eletrônica, sem tocar no voto facultativo; pessoas morrendo em filas de hospitais e de postos de saúde; as autoridades culpando as pessoas pelas mazelas nos três anos de mandato; e no último se vangloriando do aumento de cestas básicas, com a mesma naturalidade que dirão não haver mais um pobre no país.Além disso, daqui a quatro anos, continuaremos sem entender por que cidades como Canoas, Rio Grande do Sul, adquire detector de armas de fogo e o Rio de Janeiro não sabe nem de sua existência.Fecharemos os próximos quatro anos a esconder o país do planeta com uma Copa do Mundo de futebol. É assim agora, como foi há quatro, oito, doze, dezesseis anos, como será daqui a mais alguns séculos. Daqui a quatro anos, como todos os brasileiros, cada um estará criticando a apatia, a passividade dos “outros” 190 milhões, dentre os quais não fará parte. E concluir-se-á que não tem jeito. Mas tem jeito, sim, senhor. Mas, o primeiro passo é tirar a bunda do sofá... Topa? Ah! Daqui a quatro anos... “Sempre foi assim... Assim será...” Como diria o poeta.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bel. Direito

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sua Excelência, Tiririca

Sua Excelência, Tiririca

Enquanto candidato, Tiririca foi pichado por quase todos da mídia e da política tradicional por ser um palhaço e em razão dos seus slogans satíricos de campanha. Ele sempre foi um palhaço de fato e fazer piadas fazia parte de seu ganha-pão. Quando fazia gracejos em sua campanha estava sendo coerente. Somente por ter a profissão de palhaço, Tiririca nem é pior nem melhor do que nenhum concorrente profissional da política.O festival de imagens de doutos engravatados enchendo literalmente os bolsos com dinheiro de corrupção, nas meias e nas bolsas, que enlamearam as telas deste país, desautorizaria as críticas ao palhaço. Essas imagens forçaram a renúncia de Joaquim Roriz, candidato favoritíssimo ao governo do Distrito Federal. Pior do que alguns fatos são algumas justificativas. Esse doutor justificara um empréstimo suspeito de dois milhões de reais, que seria para a compra de uma bezerra. Nem que fosse de diamantes, custaria tanto. Mas, esse gado de pelo de ouro passou a ser a salvação dos políticos ideais. Renan Calheiros, político por excelência, senador da República, utilizou da nova raça de gado de ouro para justificar o pagamento de pensão alimentícia por funcionários de empresa privada e outras dinheiramas de seu patrimônio “billgateano”. Sua gente o salvou da cassação, inclusive com apoio incondicional de Mercadante. Episódios dessa natureza têm se repetido nos últimos anos, que passa a sensação de ser requisito inerente à gestão pública. Um pouco antes, o notável Severino Cavalcanti criara o mensalinho, que consistia em cobrar propina de proprietários de restaurantes localizados na Câmara dos Deputados. O ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, renunciou ao cargo por ter sido filmado embolsando dinheiro. Ele e vários deputados. Pelos mesmos motivos, também foram presos e são acusados os governadores do Amapá e de Mato Grosso do Sul, além do prefeito de Dourados. O reeleito governador do Ceará passeou pela Europa com a sogra com dinheiro da viúva. O uso de celular de serviço pela filha do senador Tião Viana.Essas mesmas condutas são praticadas diariamente pelo cidadão ao pagar propina em troca da relevação de falhas. No Rio de Janeiro, dois policiais não deram a mínima para o coordenador do grupo Afro Reggae agonizando, cena repetida pelos que liberaram os rapazes que mataram o filho da atriz Cissa Guimarães. Isso também é rotina para evitar as multas de trânsito, além dos cafezinhos para aprovação nos testes para aquisição da carteira nacional de habilitação. E até pelos vendedores de qualquer coisa para adentrarem nos ônibus coletivos. Além dessas condutas de cunho mais restrito aos políticos, existem as práticas generalizadas. Todo dia vem acusação dos milhões pagos em horas extras no Senado e na Câmara dos Deputados, inclusive quando os parlamentares estão em férias. Acho que os brasileiros já esqueceram, mas não custa relembrar a farra das passagens aéreas pelos parlamentares federais; a filha do Excelentíssimo senador Tião Viana gastou 14,7 mil em ligações do telefone do Senado em passeio pelo México. Para fechar essa pequena célula desse jeito brasileiro de boa cidadania e representantes ideais do povo, a Folha de São Paulo estampou na capa do dia 4 de outubro de 2009 que 17 milhões de brasileiros admitiram ter vendido o voto na eleição de 2008.Todos esses citados aparecem engravatados e se tratam respeitosamente por excelência, mesmo para mandarem tomar em qualquer lugar, quando mandam para a mãe tomar conta ou quando range os dentes para intimidar e ameaçar colegas, como costuma fazer o excelentíssimo senador Fernando Collor de Mello. Tudo isso, para enfatizar a idéia de que corrupção é uma prática generalizada na política brasileira de há muito tempo, para a qual Tiririca não contribuiu em nada com sua candidatura e eleição, além de sua campanha ter ficado longe de descer a esse nível. Sua tão criticada baixa escolaridade o credencia a pleitear a Presidência da República na próxima eleição. Ainda que fosse acusado de alguma falha grave, o Palhaço não chegaria ao patamar de bondades desses nobres. Portanto e literalmente, Tiririca é apenas uma pessoa simplória, um palhaço de fato que, por si só, não merecia tratamento depreciativo. Agora, se fizer alguma coisa positiva, será melhor do que muitos; se não fizer nada, empata com quase todos. Mas, se ele empregar parentes; se seus filhos fizerem lobbie para empresa de amigos; ou se tornarem bilionários do dia pra noite, o Palhaço teria grande chance de se tornar ministro da Casa Civil, pois se enquadraria no perfil brasileiro de fazer política. Daí se concluir que, se ele não corromper ou for corrompido até o final do mandato, Sua Excelência já teria sido melhor do que grande parte dos parlamentares brasileiros.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP. Bel. Direito

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Atuação fraca da imprensa

Atuação fraca da imprensa

Talvez pelas verbas oficiais que recebem dos governos, a imprensa brasileira demonstra muita insegurança ou sensibilidade com relação às palavras das autoridades federais quando a criticam, em especial do presidente da República. É preciso reforçar a idéia de que a democracia já tem força suficiente para superar ameaças, concretas ou vãs, de uma única pessoa, independente do cargo que ocupe.Ressalva feita, a proposta é falar da atuação fraca da imprensa no processo eleitoral. As perguntas formuladas aos candidatos são genéricas demais e divagações são aceitas como respostas. Responder o que foi perguntado deveria ser a regra primeira dos debates, sem importar a dureza da pergunta nem da resposta. Como caminha para isso, caso vença no estado de São Paulo, o Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB vai completar vinte anos no poder. Poderiam fazer um levantamento de quantas pessoas moravam em favelas em 1994 e quantas moram hoje. Por que não diminuíram ou acabaram com as favelas. Caso sustentem que fizeram isso, a imprensa deveria apresentar os números e as imagens de milhares de favelas em São Paulo. Exigir que as autoridades comprovassem onde foram transformadas, mas mostrar quantas favelas surgiram, que não existiam em 94. Sobre a violência, deveriam apresentar as centenas de milhares de pessoas assassinadas nesse período e saber como o governo resolveria esse genocídio tolerado até aqui. Além disso, mostrar ou indagar deles quantos assassinos foram punidos. As perguntas deveriam ser diretas e objetivas. Exemplo: qual governo é responsável direto pela segurança pública e pelos julgamentos de assassinos? Quantos assassinatos ocorreram no estado de São Paulo durante os dezesseis anos de governo do PSDB? Ou em outro estado, conforme quem esteja no poder.Sobre a educação, o debate se restringe à promessa de uma em acabar a progressão automática. A questão não está na progressão automática, se a criança de 10 anos não sabe ler nem escrever, não importa se ela está na quinta série, com a progressão automática ou na 1ª com a reprovação. O relevante é que ela deveria saber e não sabe. Definitivamente, os fatores decisivos para isso são outros. Agora, existem outras questões defendidas ou citadas por todos, mas ninguém fala do essencial. Voto consciente e colocar a culpa no eleitor por conta de pilantras que se aproveitam do poder para roubar dinheiro público. Ninguém cobra que os partidos tenham atividades fora do período eleitoral para conscientizar os cidadãos. Nenhum normal sabe onde fica a sede de um partido nem o que ele faz. Nada mais essencial para caracterizar um voto consciente do que ele ser facultativo. Defende-se democracia para tudo, menos para exercer o seu elemento principal, que é o voto.A imprensa brasileira não sai do “a” falou de “b”, “c” respondeu a “d”, sobre os principais candidatos. Trata-se da elitização da fofoca de boteco. O pior é não se vislumbrar algum movimento na tentativa de mudança. Nem dos veículos de comunicação nem das várias entidades sociais. A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, a União Nacional dos Estudantes - UNE, as ONGs, e outras entidades que se posicionam em tudo que lhes diz, ou não respeito, não tocam no voto facultativo.Repete-se o que escrevi após as eleições de 1998. Depois dessas eleições, seriam necessários movimentos neste país para acabarem com o voto obrigatório. E já aproveitar o momento para avançar no aprimoramento do processo eleitoral para que a votação se realize pela internet. Para o momento, tendo em vista que haverá muito bate-boca ainda, que a imprensa apresente dados e exija explicação objetiva dos candidatos da situação, por que determinados números, o que deveria ter sido feito e não foi. E da oposição, por que faria diferente num eventual governo, comparando com números de estados onde estão governando ou com gestões anteriores. Como são feitos os chamados debates, o aproveitamento para o público é zero, tanto faz com um ou com mil. Nenhuma resposta coerente, prioridade para tudo e nenhum posicionamento objetivo ou tecnicamente confiável. Já a imprensa finge que está contribuindo para o voto consciente. Só se for de que nenhum político tem conteúdo. E, com a maior cara de conteúdo, descem a lenha em Tiririca. Talvez este, é que esteja sendo mais sincero.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP Bel. Direito

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Top Blog 2010


O blog da Conexão se classificou para o segundo turno da votação do Top Blog 2010. Muito obrigado à você que votou! Agora preciso de seu voto novamente. Você que não votou, vote.
Conto com você.


Muito obrigado!
Grande abraço!

Márcio Camargo


É bem rápido pra votar...




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