quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A trajetória do herói.


A trajetória do herói.

Autor: Nelson Tanuma


Onde quer que nos encontremos, seja numa grande metrópole ou morando numa caverna no meio de uma selva inóspita, viver é passar pelos mesmos estágios, da infância à maturidade sexual, a transformação da dependência para a responsabilidade, o namoro e o casamento, a velhice com a perda gradual da capacidade física, até a morte, estes foram os desígnios de nossos antepassados e certamente serão os nossos. Na infância, nos identificamos com determinados super-heróis fictícios pelos quais nutrimos simpatia e criamos afinidade por algum motivo particular, e tendemos a sair pela vida procurando alguém que possa encarnar esses nossos heróis, porém, corriqueiramente nos deparamos com verdadeiros heróis encarnados que muitas vezes passam despercebidos, embora sejam elas as pessoas que fazem a diferença em nossas vidas. Sempre que pergunto às pessoas, quem seriam aquelas que fizeram verdadeiramente diferença na vida delas, invariavelmente obtenho como resposta o nome da mãe, pai, avô, avó, irmão, irmã ou alguma pessoa próxima e querida, que tiveram interação afetiva e positiva na vida delas, especialmente na infância. Raras vezes ouço o nome de algum ídolo que seja: cantor, ator, esportista, político, cientista ou de qualquer pessoa famosa. A bem da verdade, os verdadeiros heróis são as pessoas, de carne e osso que cuidam de nós e que se preocupam conosco, as quais estiveram presentes em nossas vidas nos bons e maus momentos. São os verdadeiros amigos, sejam eles consangüíneos ou não, são aqueles que catalizaram os pontos altos de nossas vidas. São pessoas, normais, que por méritos próprios tornam-se nossos referenciais de virtude, gracas ao seu bom caráter e valores éticos e morais evidentes. Eu tenho como heroína a figura da minha mãe, a senhora Ko Tanuma, que conta hoje com noventa e um anos de idade, que é meu exemplo de vida. Ela que tem estatura que não chega a um metro e meio, e peso inferior a 50 quilos, superou a dor da saudade pela distância de todos os seus familiares, quando abandonou a vida modesta e humilde, porém tranqüila, que tinha na cidade de Kiryu-shi, província de Gumma-Ken no Japão, e, aos vinte um ano de idade veio para o Brasil, na condição de imigrante, para casar-se com meu pai aqui no Brasil. Ela superou a dificuldade adaptação com a cultura brasileira que lhe era muito estranha, passando a viver, o restante de sua vida, bem longe do seio da sua família. Ela criou e educou oito filhos, trabalhando duro, sol-a-sol na lavoura, e durante mais de dez anos de sua vida trabalhou como vendedora ambulante, carregando uma sacola em cada mão, indo de porta em porta para vender ovos e verduras superando inclusive a dificuldade de comunicação já que não conhecia bem a língua portuguesa. Viveu durante grande parte da sua vida em casa de madeira, sem piso, sem energia elétrica, sem água encanada, onde no lugar da privada havia um buraco coberto de madeira onde todos nós fazíamos nossas necessidades fisiológicas. Foi agricultora, feirante, costureira, e frequentou e concluiu o ensino fundamental com quase 70 anos de idade, tendo recebido diploma recolhecido pelo Ministério de Educacão e Cultura - MEC. Ela nunca deixou se abater pelas vicissitudes da vida apesar das enormes dificuldades financeiras. Ela me educou com amor e carinho e sempre me incentivou a estudar, embora a vida não lhe tenha oferecido muitas oportunidades para ela própria estudar. Hoje em dia ela ainda zela por um de um de seus netos chamado Renê, que conta com 29 anos de idade,o qual sofreu paralisia cerebral por complicação no parto, e em virtude disso teve como seqüelas, a paraplegia e o retardamento mental. Minha mãe e realmente um ser humano fantástico, a quem eu presto minhas homenagens e a quem eu reverenciarei como minha eterna heroína. O valor do ser humano não pode ser medido pelos seus atributos físicos ou pelos bens materiais acumulados, o dinheiro por si só não faz o herói, mas o bom caráter, a responsabilidade, o exemplo, a capacidade de superação e de fazer a coisa certa, a capacidade seguir, ouvindo a voz interior, respeitando os próprios valores mais nobres. É a capacidade de continuar lutando quando é mais fácil ceder e entregar os pontos, ou seja, a capacidade de fazer as escolhas certas é que faz o herói. Os ídolos são voláteis e estão relacionados aos modismos midiáticos, mas os heróis de verdade tem o condão de deixar para nós um legado eterno na forma de ensinamentos e exemplos de vida. Os heróis, com toda sua sabedoria, sensibilidade e coerencia, são possuidores de um profundo sentimento de estar no caminho certo, mesmo enfrentando as dificuldades da inexperiência, da incerteza em relação ao futuro, das barreiras e dificuldades da vida cotidiana, elas seguem o chamado da voz interior que os impelem a avançar em busca daquilo em que acreditam, correm atrás dos seus sonhos e estão dispostas a pagar o preco das escolhas; e seguindo esse chamado, observa-se que as portas vão se abrindo, não se sabe como, de onde nem portas existiam. E assim, o poder do propósito passa a prevalecer na vida desses heróis. Tudo envolve um mergulho no âmago do seu próprio, e o faz obter autoconhecimento, como consequência de profundas reflexões.
Falando de heróis: conforme escreveu o dramaturgo William Shapeskeare: “O herói é aquele que fez a escolha pela coisa certa, quando a coisa certa é a única coisa que deveria ser feita”.
Presto minhas homenagens, a todos os pais e mães heróis, que estendo a todos os heróis anonimos que não são dotados de superpoderes, são pessoas comuns, que apesar de suas limitacões humanas, são capazes de fazer a diferenca na vida de alguém, e que, com seus amores incondicionais, sabedoria e comprometimento em prol do bem comum e de nossas futuras gerações, têm sido capazes de tornar a vida das pessoas ao seu redor um pouco melhores, sendo capazes de fazer uma crianca sorrir, e que deixam como legado, a esperança na possibilidade de se fazer do planeta terra um lugar melhor e mais justo para se viver. (Nelson Tanuma que é especialista pós-graduado em Desenvolvimento do Potencial Humano pela PUC, há mais de 10 anos vem ministrando cursos e palestras pelo CIESP/FIESP, SEBRAE-SP, Fundação Bradesco, UMC, Universidade Corporativa ACMC e organizações diversas, e tem artigos publicados periodicamente em 15 veiculos de comunicacão, sendo eles: jornais, revistas, portais e sites informativos, de várias cidades do Brasil)


OBS: Nelson Tanuma, autoriza a publicação deste artigo, desde que seja na íntegra, figure o nome do autor e o site fonte:


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Deputados mais caros do mundo

Deputados mais caros do mundo

Tai um assunto que poderia ser classificado como mais novela brasileira, de final feliz apenas para os atores e de uma tristeza profunda para seus telespectadores. Os congressistas brasileiros são os mais caros do mundo. Muitos, de graça, já seriam muito caros. Na iniciativa privada, qualquer remuneração salarial tem contraponto no resultado trazido pelos assalariados. Do trabalho do Congresso Nacional, a qualidade da educação, do atendimento na saúde e na área de segurança, principais atribuições ou serviços da Administração Pública, trazem sofrimento e geram angústia em todos. Só para relembrar, num recente índice do Programa Internacional de Avaliação de Alunos- PISA o Brasil obteve a 54ª posição dentre 63 países pesquisados. Só 9 países apresentaram índice de aprendizado inferior. Na saúde, a jovem Stephanie Teixeira tomou vaselina em lugar de soro no hospital particular São Luiz Gonzaga, localizado na Zona Norte da mais desenvolvida cidade do país. Na Zona Sul da mesma cidade, o garoto Luiz Otávio foi internado no hospital público municipal M’boi Mirin para operar de fimose e saiu com três diferentes cirurgias, menos a de fimose. Retiraram até as amígdalas. E sobre a segurança pública, os assaltos a joalherias, a bancos e a carros-fortes dispensam comentários sobre violência em setores menos protegidos. Esses são parcos exemplos de acontecimentos extremos de uma vastidão e até rotina de outros tão graves, mas que não chegam ao conhecimento público. Essas funções essenciais parecem nem ser de responsabilidade dos congressistas. Pudera; seus filhos e familiares passam ao largo das escolas públicas, onde deveriam ser obrigados a estudar, mesmo como simbologia; não conhecem hospitais públicos, a não ser os de referência, e andam em carros blindados e cercados por seguranças. Com serviços dessa magnitude, esse Estado é o mesmo que paga mais aos seus representantes do que Estados Unidos, Japão, Inglaterra e todos os demais. Por cima, com seus gracejos habituais, o presidente Lula, ao invés de condenar, enaltece. Ninguém incorpora tão bem a fase de Joãozinho Trinta mais do que Lula, de que pobre gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual. Especificamente nas Casas, episódios graves foram constantes. Venda irregular da quota de passagens aéreas, fraudes na verba indenizatória, atos secretos para nomear parentes e afilhados políticos, além das recentes emendas para entidades-fantasma. Quanto à cobertura da imprensa, tem-se que aguardar o programa humorístico CQC, Custe o Que Custar, da TV Bandeirantes, botar os parlamentares para correr. Poucos veículos de mídia ou de comunicação buscou resposta deles para esse auto-presente de fim de ano, que beira o escárnio junto à opinião pública. Nem se fale da passividade de todos nós. Também não se tem uma noção exata do que fazer, embora seja relevante repudiar de alguma forma. Passar e-mail e telegramas, encaminhar cartas e efetuar telefonemas, mesmo que não passem dos auxiliares de limpeza dos gabinetes. E os famosos órgãos representantes do povo parecem não existir nessa hora. Ninguém conhece a posição da Ordem dos Advogados do Brasil-OAB, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, da União Nacional dos Estudantes-UNE, das federações da indústria e de comércio, e de tantas outras. Precisa-se dar um basta nessa inversa correlação de quanto mais pobre o país mais regalias e mordomias têm seus políticos. A qualquer custo, diga-se. Um dia nós acordaremos e colocaremos rédea nesses congressistas a fim de convencê-los a atuarem como representantes do povo. Bastante desqualificados, mas somente empregados. Enquanto a sociedade brasileira continua inerte, o Brasil continuará campeão do mundo apenas naquilo que vai para o ralo. E com os congressistas mais caros do mundo.


Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bel. Direito
ACREDITE:
"NÃO HÁ DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

GERENCIE SUA MENTE E VIVA MELHOR

GERENCIE SUA MENTE E VIVA MELHOR

Autor: Nelson Tanuma
Se ao longo da sua vida você teve por hábito acumular tarefas inacabadas, juntar papelada inútil em suas gavetas, atulhar sua mesa de trabalho, com projetos que foram abandonados e guarda magoas por problemas de relacionamento interpessoal mal resolvidos, eu diria que você tem sérios problemas relacionados ao acúmulo de lixo mental. Saiba que os compromissos não concluídos consomem nossa energia mental, a qual poderia ser usada de forma útil e produtiva através da administração correta mente, começando pela faxina mental. Ao ignorarmos o acúmulo de pequenas pendências acabamos por ter que lidar constantemente com muitos pequenos incêndios que geram crises constantes, que nos sobrecarregam de tarefas a realizar, e que nos transformam em ansiosos crônicos, com preocupação orientada para as incertezas futuras. Posso dizer que eu também ainda não consegui me livrar totalmente desse mal, já que estamos no final de novembro de 2010, e percebo que acumulei bastante sujeira em minha mente; sendo assim, é chegada a hora de eu por mãos-a-obra e limpar a minha mente, finalizando, imediatamente, as tarefas pendentes mais urgentes e importantes. Todo final de ano, costumamos prometer para nós mesmos, que no próximo ano tudo será diferente, que entraremos na academia para modelar nosso corpo, que nossa alimentação será mais saudável, que seremos capazes de manter nosso controle emocional diante de clientes desagradáveis, colegas chatos, subordinados reativos e sem comprometimento, além dos chefes autoritários e prepotentes, entretanto, entra ano, sai ano, e as coisas continuam quase do mesmo jeito, percebemos que pouca coisa mudou, e o pior de tudo, é que quando não conseguimos cumprir os acordos que firmamos com nós mesmos, o estresse aparece. A tudo que resistimos persiste. É importante que tenhamos uma idéia clara acerca de quais sejam as nossas prioridades. O momento é agora! Sejamos, pois, generosos para com o futuro dando o melhor de nos no momento presente, e tudo ficará cada vez mais fácil e melhor em nossas vidas. Aos invés de nos preocuparmos apenas em administrar o tempo, é melhor que comecemos a gerenciar nossa mente, e ocupar nosso precioso tempo nos policiando em relação aos nossos pensamentos, palavras e ações. As pessoas ficam esgotadas pelos seguintes motivos: - desperdício de energia, pela falta de iniciativa em fazer as coisas acontecerem através de comportamento proativo; - pelo excesso de tarefas inconcluidas; - falta de organização de lembretes de assuntos pendentes; - por deixarem de fazer um inventario completo em relação à hierarquia de relevância de seus objetivos e compromissos. Ao me perguntar: Qual a relevância do meu trabalho para os mim e para as pessoas que me são importantes, e também para a sociedade? O que mais importa para mim? Porque eu estou neste planeta? Qual meu propósito de vida? Eu começaria respondendo que a produtividade em meu trabalho é algo importante na medida em que consigo produzir mais com menos esforço, para assim, tornar-me um elemento útil para a sociedade. Já, a motivação para o trabalho tende a aumentar, na medida em que aquilo que fazemos esteja alinhado com nossos valores e objetivos de vida. Tudo tende a melhorar na medida em que gostamos do que fazemos. Parece-nos que a “vida de verdade”, esta sempre prestes a começar, e os obstáculos que aparecem a todo instante, cria em nós a ilusão de que as coisas ainda não aconteceram, que a nossa hora ainda não chegou, porque teria algo importante ainda por acontecer, por haverem tarefas que ainda não foram finalizadas, ou até por existirem dividas que não foram pagas. Para que consigamos ter uma visão mais límpida em relação ao nosso desenvolvimento profissional e crescimento como ser humano, precisamos comecar limpando nosso quarto de bagunças, local onde quardamos as coisas que um dia fizeram parte de nossas vidas e de nossos familiares, já que as bagunça no nosso espaço físico tem reflexos em nosso mundo mental. Precisamos criar estratégias de desenvolvimento, pois, de nada adianta você ter um planejamento estratégico de vida e trabalho magnificos, se você não consegue sequer, limpar a edícula da sua casa ou o depósito da sua empresa. A administração saudável de sua mente abrirá espaço para a criatividade que é o fator primordial para a quebra de paradigmas paralisantes. Devemos usar nossa inteligência emocional para conseguirmos manter relações humanas harmoniosas e salutares, para termos mais tempo livre com nossa família e amigos, enfim, para podermos ter melhor qualidade de vida, com menos ansiedade e estresse.
(Nelson Tanuma que é palestrante, professor e escritor, há mais de 10 anos vem ministrando cursos e palestras pelo CIESP/FIESP, Fundação Bradesco, SEBRAE-SP, Universidade de Mogi das Cruzes, Universidade Corporativa da ACMC e organizações diversas, seus artigos são publicados periodicamente em 15 veículos de comunicacão: jornais, revistas, periódicos, portais e sites diversos)
Obs: Nelson Tanuma autoriza a publicação deste artigo, desde que seja na íntegra, figure o nome do autor e o site fonte:

Dilma Rousseff começa mal

Dilma Rousseff começa mal

Mas ainda está zunindo nos ouvidos de todos os brasileiros e as brasileiras as promessas de investimentos de dois milhões de moradias e seis mil creches feitas repetidas vezes pela candidata, com ênfase avermelhada num misto de ódio de quem duvidasse e de certeza aos que nela confiassem. Nem tomou posse e já está falando em cortes de todo lado. Seus auxiliares não citam se a construção dos dois milhões de casas e as seis mil creches será afetada e se, em caso afirmativo, quando começarem haverá aceleração de fato para compensar o tempo perdido. Definitivamente, promessa de candidato é a segunda maior mentira do mundo, depois das juras de amor eterno nos casamentos religiosos. Mas não são as mentiras de candidatura de Dilma Rousseff que são os motivos principais de seu mau começo. A escolha de Antonio Palocci como ministro da Casa Civil trará à memória do brasileiro a imagem do humilde caseiro Francenildo Costa sendo exortado e humilhado porque vira o ilustre futuro presidente da República em reuniões importantíssimas e secretas com suas auxiliares numa mansão de Brasília. Dessa manifestação surgiu a violação do seu sigilo bancário e aí está o xis da questão. Pode ser que ele se desagrade com toda sociedade ou com determinados segmentos, como no exercício de função pública, e todos os sigilos bancários e fiscais vão parar no Wikileaks. Pior do que a escolha de Palocci foi a manutenção de Fernando Haddad como ministro da educação, depois de sucessivos e diversificados problemas com a realização da prova do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Nos últimos anos não houve a realização de uma sem problema, de forma regular. Tradição não falta; tanto de violação de sigilos quanto de malfeitorias da Casa Civil. E a dúvida maior é se desta vez ele precisará alugar mansões para suas festinhas fantasiosas. E ninguém da imprensa nem sequer se lembrou de mencionar esses riscos, tanto pelo passado do ministro e, também, pelos desastrados ex-ministros da Casa Civil. José Dirceu teve o mandato cassado por conta daquele dinheirinho de caixa dois distribuído entre os pares, e a senhora Erenice Guerra defenestrada por fazer da Casa Civil a casa de negócio da sua família. Agrava o mal começo a discussão da recriação da Comissão Provisória sobre Movimentação Financeira, a famosa CPMF, que foi criada para melhorar a sistema de saúde pública, vigorou por mais de uma década e a resposta de sua eficácia é dada todo dia pelos programas policiais de televisão. Homem que vai fazer exame para auxiliar a ter filhos e sai operado de vasectomia; criança que entra para operar fimose e sai com três delicadas cirurgias; menina que toma vaselina em lugar de soro. São os exemplos mais destacados de uma cadeia nacional de atendimento desse nível, que nunca foi diferente com ou sem CPMF. Alguns aspectos precisam ser lembrados à senhora Dilma Roussef. O atual presidente tem aprovação nas nuvens. Ela se tornou presidenta como resultado de uma invenção dele. Por conta própria talvez se elegesse deputada federal. Lula, com o pronunciamento sobre a redução nas obras do PAC, já demonstrou que começou sua campanha para 2014. E o mesmo filho PAC, que fez Dilma Rousseff presidente, retirará dela o mater poder e a Presidência da República. Nem precisa falar no Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, principal aliado, para se concluir que, com essas medidas, não poderia haver pior começo, mesmo antes de tomar posse.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP Bel. Direito

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Novela de Todo Verão

Novela de Todo Verão

Alguém vai precisar dar um pontapé inicial para que haja mudança na postura das autoridades com vistas a solucionar alguns problemas e também para mudar os argumentos requentados e inconsistentes.Esses argumentos em nada se diferenciam de roteiro de novela. Não existe uma novela que não tenha dois irmãos apaixonados, por um desconhecer quem é o pai. Não pode faltar uma cunhada caidinha pelo marido da irmã ou pelo seu padrasto ou vice-versa; uma série de traições entre casais e alguns triângulos amorosos, além de alguém sempre flagrado falando mal de outro. Essas situações cativam os telespectadores, que vibram com as surras homéricas dadas por franzinos traiçoeiros em gigantes traidores. É forçado em demasia que o bem se prevalece até no físico. Todos esses enredos novelas após novelas conseguem mantê-las em evidência permanente, com altíssimos índices de audiência, e até as tornam um dos principais produtos de exportação do Brasil, com enorme aceitação em vários países do mundo.Na Novela Nossa de Todo Verão o enredo também é repetitivo, com muitas semelhanças e algumas divergências essenciais. Começa pela Natureza que, teimosa, é repetitiva em mandar chuva em determinadas épocas para as regiões aclimatizadas para chover. Com qualquer chuva, surgem quilômetros de congestionamento nas grandes cidades. Com chuvas mais intensas, bairros inteiros ficam inundados, produzindo as cenas rotineiras de pessoas e fezes misturadas. Quando vêm os temporais, o primeiro problema surge com os institutos de previsão ao anunciarem que choveu, num dia ou em horas, trezentos por cento do previsto para todo o mês ou para período de chuvas. Falam com uma naturalidade assombrosa. Não dizem que ou as chuvas são imprevisíveis ou os institutos podem preveem tudo, menos chuva.Algumas diferenças entre as novelas. Primeiro de roteiro. Na nossa, os personagens são sempre as vítimas; nas de televisão, os autores e diretores aprecem quando elas estão no auge; na Novela Nossa de Todo Verão, não existe autor nem responsável pela direção. Na nossa, as personagens são verdadeiras. No fim é que tudo difere. A partir da suposição deste texto. A novela real é a fictícia, a de televisão, e traz sempre um resultado fictício. Aqui, a fictícia é a real, e traz também o resultado mais real do mundo. Na televisiva, o bem sempre prevalece; na real, na Nossa de Todo Verão, o mal sempre prevalece no fim. O autor da novela fictícia assume que é responsável pelo seu final; na nossa, não existem responsáveis, e o final é conhecido com antecedência. Os telespectadores de ambas são reais. Só que os da fictícia vão das favelas aos bairros nobres como Leblon, no Rio de Janeiro, Morumbi e Alphaville, em São Paulo. Na real, o público alcançado é sempre da periferia. Pode ser apenas coincidência. A diferença essencial é que o público participa intensamente da novela fictícia, mas fica anestesiado em relação à novela real. Existe muito choro em ambas. Na fictícia, resulta do imaginário; na real, o choro vem pela perda de fato. Mas a principal diferença é que, de fato, a novela fictícia chega ao fim; já a novela real é eterna. E a maior diferença entre as novelas, é que nas de televisão, as pessoas desaparecem do telespectador apenas no imaginário; na nossa, as mães nunca mais verão seus filhos, ou estes nunca mais terão suas mães. Os corpos dos garotos Igor Menderson da Silva e Hebert da Silva, do bairro de Americanópolis, São Paulo, prenunciam que a Novela Nossa de Todo Verão só tem recomeço. E já começou.

Pedro Cardoso da Costa
Interlagos/SP
Bel. Direito

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Operação Espanta Bandido

Operação Espanta Bandido

De início uma constatação: como está a bandidagem no Rio de Janeiro, só é possível realizar uma Copa do Mundo de futebol e uma Olimpíada se os bandidos consentirem. É fato.Já as autoridades repetem a cantilena de empáfia ao afirmar de que agora vai! Quantas vezes e por quantos governadores essa frase já foi repetida e ninguém reproduz, nem na mídia. E a guerra está decretada, com algumas medidas diferenciadas nesse enfrentamento no Rio de Janeiro; embora com muitos erros e algumas ações de puro faz-de-conta.Começa pela citação de especialistas e de autoridades de que o morro da Vila Cruzeiro é um dos preferidos do tráfico, seu QG, para firmar suas atividades. Ora, se é o preferido, seria elementar que as Unidades de Polícia Pacificadora deveriam ter começado por lá. Se visam mesmo a pacificação, deve-se começar pelos locais mais complexos, até para facilitar as instalações em locais com menor complexidade. Já que a nossa imprensa com muita condescendência não pergunta, fica a pergunta ao secretário de Segurança e ao governador do Rio de Janeiro por que não começaram e nem sequer ainda tem a UPP naquele morro. Essa indagação teria por finalidade apontar erro de estratégia ou conivência também desse governo, já que está lá há 4 anos e, não fosse reeleito, teria deixado a insegurança pior do que estava quando assumiu.Mas é alentador que as autoridades colocaram as Forças Armadas nessa guerra. O argumento diversionista de que elas não são preparadas para ações urbanas foi colocado de lado. De fato, podem até não estar, mas não se pode saber se estariam para ações externas, já que estas simplesmente nunca existiram; nem sequer numa ameaça. Ainda que acertada, não é razoável só agora descobrirem que os “caveirões” da Marinha traspassam pregos que sempre impediram a subida da Polícia Militar. Em razão do rabecão da Marinha surgiu a imagem de uma nuvem de bandidos fortemente armados em disparada. Neste ponto a ingenuidade do cidadão comum leva à indagação por que não havia helicópteros blindados, com homens armados, em sentido inverso, para forçar a rendição. Ou...No dia seguinte, a imprensa noticiava que em dez minutos uma nova operação militar começaria na vazia Vila Cruzeiro. E, de novo, não se entende se as autoridades queriam mesmo enfrentar esse problema ou repetir mais uma encenação que já vem há décadas. Os bandidos teriam fugido para outras favelas do Morro do Alemão. De novo, a palavra volta ao secretário de Segurança e ao governador do Rio de Janeiro: por que iam para a Vila Cruzeiro e não para o Morro do Alemão? A crítica do secretário às imagens das Redes Globo e Record de Televisão responde a uma pessoa menos ingênua. A cobertura ufanista da imprensa nacional com a presença das Forças Armadas deveria vir acompanhada, ao menos, de citação às repetidas vezes que essas Forças já estiveram no Rio de Janeiro com a violência trazendo o resultado que se constata. Quanto ao “tudo” que o presidente da República prometeu de apoio, seria salutar ressaltar que esse tudo de agora não passou do nada nos oito anos deste governo, que só tem mais um mês de mandato. Aí caberia se questionar se tivesse sido feito um pouco a cada ano, se esse caos poderia ter sido evitado ou amenizado. O enaltecimento do apoio da população causa estranheza por vir do próprio Estado e da imprensa. É só fazer o que deve e como deve ser feito, que nunca faltará apoio. O apoio óbvio à bandidagem era única condição de sobrevivência, e não deveria causar surpresa a quem nunca se fez presente.Importa, agora, verificar como fazer para evitar o retorno e o crescimento do domínio da bandidagem. Não pode ter recuo. As Forças do Estado devem retirar as armas e passar a régua. Também devem vigiar seus quartéis de onde muitas armas vão parar nas mãos dos bandidos. Cabe alertar que a quantidade de motos roubadas apresentadas poderia ser conseguida em qualquer cidade que se faça um pente-fino na fiscalização da documentação delas. Especialmente nas pequenas cidades para onde são levadas e negociadas as motos roubadas nos grandes centros.Deve ter bandido carioca arrependido da ordem para queimar ônibus. Não tivesse feito essa asneira, estariam todos tranqüilos, mandando e desmando nas favelas da Vila Cruzeiro, do Complexo do Alemão, como estão noutros morros. Agora, falta só a Rocinha, outros morros, os condomínios de luxo e toda a cidade. E os outros estados deveriam seguir o exemplo.Mesmo que a intenção tenha sido fazer uma Operação Espanta Bandido, as imagens de fuga com milhares de fuzis exibidos e as circunstâncias levaram a uma Operação Efetiva que, por mais cômodo que seja, não há mais possibilidade de recuo do Estado.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bel. Direito

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Verdadeira cidadania

Verdadeira cidadania

Cidadania no sentido de apego ao país, de patriotismo, somente ocorre em período de Copa do Mundo de futebol. Bandeiras são colocadas nas janelas, nas seções de trabalho e nos carros; todo tipo de brinde é fornecido com as cores do Brasil; as pessoas cantam até o Hino Nacional inteiro, mesmo que por puro fingimento, já que a maioria não conhece uma frase. Outro momento em que esse exercício de cidadania ocorre é no período eleitoral. Não se trata de um sentimento nacionalista verdadeiro. A pieguice prevalece nesses dois momentos. Nas eleições, por interesse de candidatos com vistas a uma votação relevante, para evitar a discussão e mudança no atual sistema, especialmente evitar o voto facultativo. Pena que não seja assim, depois das eleições é que a verdadeira cidadania deveria ser exercida.No exercício dos cargos os candidatos eleitos acertam contas com seus doadores mais expressivos, seja de forma direta, quando só se descobre depois dos mensalões, ou indireta por meio de licitações, como a do Metrô agora no final de 2010, cujo resultado a Folha anunciara os vencedores há seis meses, com exatidão de cem por cento. Dilma Rousseff e José Serra protagonizaram uma das piores campanhas em trocas de acusações e promessas. Assim que tomam posse, os eleitos costumam repetir a frase de que imaginavam ser difícil, mas não tanto. E nesse momento seria a hora de aflorar a verdadeira cidadania e haver pressão à altura das promessas que ela fez. Mesmo que não servisse para tornar realidade o prometido, ao menos serviria para evitar promessas vazias e irrealizáveis apenas para obter votos.Para transformar essa pressão em resultados são outros quinhentos. Se o cidadão passa e-mail, manda carta ou telefona todos vão parar na lata do lixo de um assistente da secretária do chefe executivo de um gabinete qualquer. Se for ao gabinete, não passa da antessala do mesmo assistente, quando consegue adentrar o prédio. O meio mais eficiente seriam as manifestações públicas, mas a mídia trata de rechaçá-lo, sob a alegação de que não se pode prejudicar terceiro, ou são tachados de bagunceiros. Além desses, cada um deveria exprimir sua posição com camisetas, com faixas, cartazes; as mesmas utilizadas no período de Copa do Mundo para manifestação de apoio ou criticar a seleção de futebol. Somente no período de campanhas e eleições o eleitor é valorizado e o voto é enaltecido como ato supremo da cidadania. Trata-se de verdadeiro engodo aos menos esclarecidos. Primeiro, porque cidadania e voto obrigatório são antagônicos. E isso nem sequer é lembrado pelos principais interessados e pela mídia brasileira. Depois, porque o ato de votar, por si só, não ajuda em nada à democracia, pois a cidadania se exerce no dia a dia durante o exercício do mandato com apoio às ações que esteja de acordo, e principalmente se manifestando contrário às que desaprova, por todos os meios citados. Cada gestão deveria eleger um problema a resolver. No governo Dilma, bastaria extinguir o analfabetismo absoluto, o que a pessoa não sabe assinar o nome, para no próximo acabar o formal, que significa não saber ler nem escrever. Embora pareça, não é pouco. Há 40 anos fracassam um programa atrás do outro e a alta taxa de analfabetismo continua inabalada. As promessas feitas durante as campanhas deveriam ser reprisadas toda vez que o eleito colocasse uma desculpa pelo descumprimento. Isso talvez evitasse promessas vazias. Precisa ficar definitivamente arraigado na cabeça dos gestores públicos que a responsabilidade pelos subalternos é presumida. Cristalizar a ideia de que a presidenta tem a obrigação de abortar as Erenices da vida, mas se as parir, ela terá que saber ao menos quem é o pai. Caso a sociedade exerça essa força, aí se caracterizaria a verdadeira democracia que, definitivamente, está a anos luz de apertar um botão no dia da eleição.

Pedro Cardoso da Costa
Interlagos/SP Bel. Direito