Governo em
coma profundo
Numa
entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nessa semana a presidenta Dilma Rousseff
repetiu as bravatas comuns aos políticos que passam a vegetar com seus
mandatos.
E, de
novo, o mantra pessoal da sua prisão e tortura pela ditadura militar embasou
seu poder de resistência. Os chamados resistentes colocam como se só tivessem
praticado coisas boas ou positivas. Não é bem assim. Mas não vou entrar no
mérito porque requer maior aprofundamento no debate. Importante é que ninguém a
forçou a nada. Sua tese de que não denunciou nenhum colega de luta e de que foi
torturada são afirmações pessoais. Ainda que bem provável, não se tem nenhuma
certidão do outro lado da versão para confirmar suas afirmações.
Sobre
sua solidez na Presidência da República é filme repetido. Todo governo começa a
demonstrar fragilidade quando se utiliza de autoafirmação. Na queda de Fernando
Collor, quanto mais ele caminhava para o fim mais vendia virtudes. São provas
suas pirotecnias atléticas e suas camisetas afirmativas.
Ainda
não há clareza sobre a existência de elementos concretos que se enquadrem nos
requisitos legais para o impeachment. Mas isso se pode falar aqui do lado de
fora. É preciso verificar se a opinião é a mesma dentro do Ministério Público e
dos demais órgãos de investigação.
Os
delatados, como a presidenta, esquecem-se de que os agora desrespeitados
delatores foram escolhidos e eram íntimos deles. Os de fora nunca tiveram
nenhum deles em festa de casamento, nem tinham intimidade para chamar nenhum
pelo diminutivo. Paulo Roberto Costa era o Paulinho de Lula, e não de nenhum outro.
Os
governos são parecidos com os treinadores de futebol. São exclusivamente
responsáveis pelos números positivos; os negativos são de responsabilidade dos
cidadãos, de alguns órgãos do próprio governo, da oposição e da sociedade em
geral, as verdadeiras vítimas.
Atualmente,
quando todas as ações fantasiosas do passado estão dando o resultado lógico, a
culpa é atribuída à crise internacional. Esta mesma que, no seu auge, o
ex-presidente Lula garantiu que chegaria uma marolinha no Brasil.
Quem
não vende ingenuidade, não pedirá a saída espontânea da presidenta porque sabe
da impossibilidade. Os 12 anos de governo deveram-se às ilusões vendidas.
Talvez nem todas tenham sido de má-fé. Como qualquer outro, eles farão o que for
preciso para continuarem. Colocarão o país no caixão pelos anos que faltam. Para
quem está no poder, não tem a menor importância que o caos tome conta.
Já
para a saída da presidenta seria suficiente o principal fundamento defendido
pelo próprio Partido dos Trabalhadores de outrora: a falta de legitimidade.
Dizia o PT que um governo que, antes de tudo, qualquer governo só se sustenta com
legitimidade. E os 9% de aprovação só podem advir dos beneficiários direta ou
indiretamente de cargos comissionados.
A
presidenta vem demonstrando reiterada desconexão na coordenação de suas ideias
e palavras. Esse coma profundo em que o governo se encontra não preocupa aos
defensores da permanência do mandato até o fim, pouco importando se a morte
cerebral já tenha sido diagnosticada.
Nessa
linha de se vitimar pelas próprias escolhas, Mario Sergio Cortella coloca
sempre que, no Nazismo, muitos preferiram morrer a matar inocentes.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel
em direito
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