MÁ DENTIÇÃO
Pelo riso fácil e espontâneo dos brasileiros constata-se mais um problema sério, que outros mais graves dificultam a abordagem. Trata-se da falta de dente, dentes com cáries, apesar de ser quase uma unanimidade em quase todos os brasileiros, não são vistos como um problema. Segundo alguns comerciais de produtos seriam 28 milhões de pessoas que possuem dentadura. É fato que os brasileiros não cuidam dos dentes, seja preventivamente, para evitar as cáries, seja depois, para tratá-los.
Dentre as várias causas sobressai o hábito de dar doces às criancinhas, a falta ou a escovação incorreta, os planos de saúde não cobrirem tratamentos dentários. Além desses problemas relacionados ao indivíduo, faltam ações governamentais de tratamento e de prevenção. Já quanto aos dentes estragados, o pior é o mau hálito. Mas a própria aparência fica prejudicada, bem como a dificuldade em comer alguns alimentos.
As cáries são perceptíveis em jovens e crianças, com maior destaque nas regiões mais pobres, como no Nordeste. A falta de dentes é mais freqüente nas laterais, exatamente onde a escovação é mais deficiente. Todos conhecem pessoas que vão perdendo gradativamente os dentes, até ficarem sem nenhum. Aí surgem as inevitáveis dentaduras. Como atinge a quase todas as pessoas, a discussão torna-se difícil. Resta saber por onde começar a solucionar e quais as medidas mais eficazes para resolver.
A prevenção seria a solução definitiva para este como para qualquer outro problema. As prefeituras das pequenas cidades deveriam contratar um dentista para orientar a escovação correta e cuidar da aplicação de flúor nas crianças em escolas. Os professores poderiam contribuir verificando se as crianças estariam cuidando dos dentes. Sindicatos, empresas, igrejas, ongs, e entidades em geral poderiam firmar convênios para baratear o tratamento mais simples, permitindo o acesso das pessoas de menor poder aquisitivo ao dentista.
Toda faculdade de Odontologia deveria efetuar o tratamento bem acessível e mais barato com estagiários, sob a supervisão dos professores. A imprensa, os meios de comunicação, especialmente o rádio e a televisão, por iniciativa própria, deveriam debater esse problema com especialistas com maior freqüência. Já as ações duradouras deveriam partir dos Ministérios, das Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde e da Educação. Além disso, convênios poderiam ser firmados entre os governos e as instituições de ensino superior de Odontologia, mesmo privadas, para atendimento aos alunos das escolas de ensino fundamental e médio, já que as medidas preventivas teriam mais eficácia junto aos estudantes por que, além do cuidado consigo, se tornariam formadores de opinião junto aos familiares e à comunidade.
Os tratamentos mais complexos deveriam ficar a cargo dos governos estaduais e federal. Estes governos poderiam se utilizar melhor do horário gratuito em rede de rádio e de televisão com campanhas de utilidade pública. Os fabricantes de creme, de fio dental, de escovas e de qualquer produto para os dentes deveriam tomar a iniciativa de promover comerciais instrutivos sobre como cuidar adequadamente dos dentes.
Outro equívoco seria atribuir sempre esse descuido somente à baixa escolaridade, embora nessas camadas sejam maiores os índices de desdentados. Ainda que analfabeto, ninguém amputa um dedo, uma perna, o pescoço por estarem doentes. Procura-se a cura. Os dentes integram o corpo como qualquer outra parte. O brasileiro não trata dos dentes por falta de dinheiro, por achar supérfluo, por falta de cultura e, principalmente, por não haver um alerta de ninguém. Quantos brasileiros sabem que toda vez que escova os dentes deve-se escovar
também a língua?
Apesar da dificuldade de se abordar o problema, a omissão não deve preponderar, já que o objetivo seria, por meio da prevenção, formar uma sociedade com dentes sadios e não criticar quem se depara com o problema, independente da causa. Não pode continuar o Brasil possuindo um dos maiores índices per capita de dentistas e uma das piores dentições do Mundo. Todos devem saber que a prevenção é a solução.
De imediato seria importante estancar a extração. Depois, expandir o hábito de tratar. Antes de tudo, cuidar bem dos dentes para evitar cárie. Fica a sugestão para que essa instituição discuta e faça palestra com especialistas sobre o assunto. Já que está em voga, ao menos para que o brasileiro tenha auto-estima suficiente para cuidar melhor dos dentes. Você pode ajudar.
Pedro Cardoso da Costa – Bel. Direito
Interlagos/SP
Sugestoões: pcardosodacosta@yahoo.com.br
quinta-feira, 8 de abril de 2010
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